Um dos componentes cruciais para um cachorro-quente de qualidade é a salsicha, embora essa iguaria não goze de boa reputação. Esse estigma tem razão de ser, já que o produto contém níveis elevados de gorduras saturadas, que podem chegar a até 30%, além de aditivos químicos e ingredientes de qualidade inferior em alguns casos. Entretanto, não é possível generalizar, já que algumas salsichas são produzidas apenas com carne, como é o caso das variedades Viena e Frankfurt (conforme detalhado abaixo).
A salsicha é feita pela emulsão das carnes de uma ou mais espécies de animais de corte, e pode incluir ou não carne mecanicamente separada (CMS), um subproduto das carcaças de aves, bovinos e suínos que é composto por cartilagem e outras partes dos animais.
Segundo a explicação da Dra. Simone Flores, que possui doutorado em Engenharia de Alimentos pelo Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos da UFRGS, as salsichas são feitas a partir de partes dos animais que geralmente não são aproveitadas, como cartilagens e gorduras próximas aos ossos.
Essa mistura é então colocada em um invólucro sintético, que é descrito pela Dra. Simone como um tipo de plástico comestível. Para evitar problemas, a engenheira aconselha os consumidores a lerem os rótulos das salsichas que compram.
Ela explica que a presença de carne mecanicamente separada (CMS) não é necessariamente ruim, mas é um subproduto de menor qualidade que geralmente apresenta alto teor de gordura. É importante verificar o tipo de carne utilizada na salsicha e a quantidade de gordura presente, mesmo quando o ingrediente principal é a carne, que é uma fonte de proteína.
Em 2013, o Instituto de Medicina Preventiva e Social da Universidade de Zurique, na Suíça, realizou uma pesquisa alarmante. Após analisar 450.000 pessoas, o estudo concluiu que consumir uma salsicha por dia é excessivo: o consumo diário de 40 gramas de salsicha ou outras carnes processadas aumenta em 18% o risco de morte. O estudo destacou que tanto a salsicha quanto o salame e o presunto aumentam as chances de desenvolver doenças cardiovasculares ou câncer.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também alertou sobre o consumo de carnes processadas em 2015, relacionando-o a um maior risco de câncer no intestino grosso e no reto. A nutricionista Marlise Stefani, mestre em Engenharia de Produção, destaca que os embutidos são contraindicados devido aos conservantes e que a base da alimentação deve ser desembalar menos e descascar mais, de acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira.
Marlise sugere evitar o consumo de alimentos processados, incluindo a salsicha, e, se consumir, fazê-lo com moderação. É importante notar que a salsicha pode conter até 60% de carne mecanicamente separada (CMS), juntamente com carnes de diferentes espécies, miúdos comestíveis de diferentes espécies, tendões, pele e gorduras.