Indivíduo adentra a igreja durante a missa presidida pelo padre Júlio Lancellotti na manhã da sexta-feira 10/03/23, interrompendo solenidade. Em um determinado instante, o invasor proferiu as palavras: “Ah, irá alimentar ociosos”. O foco de sua crítica estava direcionado à iniciativa de fornecimento de alimentos a pessoas em situação de vulnerabilidade.
“Neste dia, um residente da região da Moóca invadiu a igreja e interrompeu a cerimônia religiosa com gritos, dirigindo insultos a mim devido ao trabalho da pastoral de rua. Ele lançou seu celular em nossa direção e fez ameaças”, compartilhou o padre nas mídias sociais.
De acordo com o sacerdote, o indivíduo por trás das ameaças também continuou a provocá-lo do lado externo da igreja, após a interrupção da celebração. De maneira acalorada, ele expressava descontentamento em relação às atividades assistenciais que a congregação da igreja conduz para os indivíduos em situação de rua na localidade. Pouco antes disso, o Padre Júlio havia coordenado a distribuição de alimentos em um centro comunitário.

Lucas Louback, um defensor dos direitos humanos, também abordou o incidente em suas redes sociais, fornecendo informações adicionais. Lucas descreveu que a invasão teve lugar durante o sacramento da Eucaristia, um momento crucial na missa onde o padre realiza a transformação do pão e do vinho no corpo e sangue de Jesus Cristo, como uma lembrança de sua morte e ressurreição, conforme os ensinamentos do catolicismo.
“O sacerdote é extremamente generoso”, expressou uma das beneficiadas, conforme registrado em um vídeo divulgado.
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“No decorrer da cerimônia da Eucaristia presidida pelo padre Júlio Lancelotti, um indivíduo interrompeu de maneira agressiva a missa. Essa situação se desenrolou momentos antes da distribuição do café para a população em situação de rua e vulnerabilidade”, compartilhou Lucas.
O indivíduo responsável pela publicação classificou o incidente como um caso de “aporofobia”, esclarecendo que “o homem nutria aversão pela população em situação de rua e pelo padre por prestar auxílio a eles”. Ele complementou que esse sentimento estava “voltado para as pessoas e a solidariedade, e não para as causas subjacentes desse cenário”.
Lucas esclareceu que o invasor aparentava desejar imputar ao padre a responsabilidade pelo crescimento da população em situação de rua na área circundante. O indivíduo também teria culpado o clérigo pelo suposto aumento do tráfico de drogas no bairro. Conforme o ativista relatou, a mensagem central que o invasor transmitiu, envolta em diversos estereótipos e repetida com insistência, consistiu em rotular as pessoas vulneráveis como “vagabundas” e “criminosas”.
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Essa não constitui a primeira ocasião em que o padre se tornou alvo de intolerância. Em dezembro de 2022, ele compartilhou nas plataformas de mídia social uma imagem em que segurava um menino Jesus de pele negra, em consonância com as festividades natalinas. Lancellotti recebeu críticas devido à tonalidade da pele do bebê na representação. O sacerdote foi acusado de engajar-se em uma “militância”, de buscar a “lacração” e de tentar “reformular a história”. Ao falar ao GLOBO, ele manifestou a crença de que esse episódio poderia ser interpretado como um reflexo do preconceito racial profundamente arraigado no país.
Em uma entrevista anterior datada de 2021, Lancellotti ressaltou que a expressão de hostilidade em relação aos menos favorecidos não é uma novidade.
Esse sentimento esteve sempre presente, mas se intensifica à medida que cresce o número de pessoas em situação de rua. Na Europa, isso se manifestou com o movimento de refugiados, e o termo foi conceituado pela filósofa Adela Cortina. É fundamental nomear um fenômeno que tem sido amplamente observado aqui — declarou à época.
Contando com uma base de seguidores que ultrapassa 1,3 milhão no Instagram e mantendo vínculos com a Arquidiocese de São Paulo, o sacerdote é renomado por suas ações filantrópicas. Através das plataformas de mídia social, ele compartilha as atividades que realiza.