Vídeo: Polícia explica que mulher incendiou loja em shopping no RJ para se vingar de amante do marido

Na manhã desta terça-feira (11), a Polícia Civil revelou novos detalhes sobre um caso chocante de vingança que terminou em explosão dentro de um shopping em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. O episódio, ocorrido no início do mês, começou quando uma mulher entrou em uma loja, sacou um frasco de gasolina da cintura e ateou fogo no local.

A ação foi flagrada por câmeras de segurança e rapidamente viralizou nas redes sociais, gerando revolta e inúmeros debates sobre crimes passionais. O incêndio deixou três pessoas feridas e causou prejuízos para diversos lojistas do shopping. Entre as vítimas, está um idoso de 78 anos, que inalou uma grande quantidade de fumaça e segue internado em estado grave.

A motivação por trás do crime

De acordo com as investigações, a suspeita decidiu incendiar a loja por acreditar que a proprietária mantinha um caso com seu marido. As duas já se conheciam antes do crime e, segundo a polícia, tinham um histórico de desentendimentos.

“As duas mulheres estão com seus maridos presos por tráfico de drogas. A suspeita alega que a traição acontecia durante as visitas ao presídio”, explicou a delegada Carla Conceição Guimarães Tavares, responsável pelo caso.

A dona da loja, por outro lado, nega qualquer envolvimento amoroso com o marido da incendiária. Segundo seu depoimento, ela já vinha sendo ameaçada há meses. Em dezembro do ano passado, chegou a registrar um Boletim de Ocorrência (BO) relatando que a mulher prometia “acabar com sua vida” e incendiar o estabelecimento.

“Não vou esperar nada”, disse a criminosa antes de atear fogo

O relato das testemunhas é estarrecedor. No momento do ataque, três pessoas estavam dentro da loja: a vendedora, que conseguiu escapar, e um casal, que sofreu queimaduras. Mesmo alertada para esperar os clientes saírem antes de incendiar o local, a criminosa respondeu friamente: “Não vou esperar nada”.

A explosão, causada pelo contato do fogo com materiais inflamáveis, se espalhou rapidamente, atingindo cerca de dez lojas do shopping. O segundo andar do centro comercial só foi reaberto nesta segunda-feira (10), após perícias e liberação da seguradora.

Além dos feridos, comerciantes contabilizam os prejuízos causados pelo fechamento parcial do shopping, agravando ainda mais a crise do comércio local.

Histórico de brigas e ameaças

O crime não foi um ato isolado. Segundo relatos da delegada Carla Tavares, em janeiro deste ano, a suspeita já havia protagonizado um confronto com a vítima dentro de outro estabelecimento comercial. Na ocasião, ela teria a insultado publicamente, acusando-a de envolvimento com seu marido.

Essa rixa só se intensificou nos meses seguintes, culminando no incêndio criminoso. Para os investigadores, a incendiária não estava apenas querendo danificar o local, mas assumiu o risco de matar.

“O comportamento dela demonstra total frieza e indiferença com as vidas que estavam no shopping. Ela entrou ali determinada a cometer esse crime, independentemente de quem estivesse presente”, ressaltou a delegada.

Captura da suspeita

Após o crime, a mulher fugiu para Serra, na Grande Vitória (ES), tentando se esconder da polícia. No entanto, agentes das Polícias Civis do Rio de Janeiro e do Espírito Santo já estavam no seu encalço.

“Os policiais fizeram um trabalho minucioso de levantamento do paradeiro da suspeita. No fim de semana, montamos vigilância no endereço onde ela estava escondida. Ontem de manhã, conseguimos identificá-la e prendê-la sem resistência”, explicou o delegado Ricardo Almeida, da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core).

Agora, a mulher responde por incêndio com dolo eventual – quando se assume o risco de matar – e por tentativa de homicídio. Após prestar depoimento, ela foi encaminhada para o sistema prisional, onde aguardará julgamento.

Crime passional ou frieza calculada?

O caso tem dividido opiniões. De um lado, há quem veja a incendiária como uma mulher traída e tomada pela raiva. Do outro, especialistas em criminalidade alertam que esse tipo de justificativa não pode minimizar a gravidade do ato.

Para a delegada responsável, a intenção da criminosa ia além de um simples desabafo emocional. “Ela poderia ter resolvido a situação de várias formas, mas escolheu incendiar uma loja cheia de gente, colocando a vida de inocentes em risco. Esse crime foi premeditado”, concluiu.

Agora, resta aguardar os próximos passos da Justiça para saber qual será a pena dessa mulher que, movida pelo ódio, provocou uma tragédia que poderia ter sido ainda pior.