Zema detona Lula após orientação de não comprar produtos caros em mercados

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), não perdeu a oportunidade de alfinetar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) depois que o petista sugeriu que a solução para os preços elevados dos alimentos seria o povo parar de comprar produtos caros. Essa declaração foi dada durante uma entrevista às rádios Metrópole e Sociedade, lá da Bahia. Sem citar diretamente o nome de Lula, Zema, através das redes sociais, comentou que o que foi dito pelo presidente é uma “lorota econômica”. Ele postou um texto em seu perfil no Instagram, no sábado, dia 8, dizendo: “Café reaproveitado e desculpas esfarrapadas são difíceis de engolir. Quando o bolso do brasileiro aperta, surgem as ideias mais absurdas. E você, qual foi a maior lorota econômica que ouviu por aí?”.

A fala de Zema pegou de surpresa e gerou críticas de várias pessoas, incluindo outros políticos que se opõem ao governo Lula. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados, assim como alguns congressistas da base governista, também não perderam a chance de criticar a fala do presidente. É um debate que continua fervendo nas redes e, claro, nas ruas.

Mas vale lembrar que essa não é a primeira vez que Zema dispara contra o governo Lula. No mês passado, o governador mineiro também fez duras críticas ao presidente e ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, especialmente por causa dos vetos que Lula fez a um projeto importante para regular o pagamento das dívidas dos Estados. Zema não economizou palavras e, também pelas redes sociais, fez questão de dizer que esses vetos acabavam prejudicando os mineiros, que estão com uma dívida gigante de R$ 157,7 bilhões. Para ele, caso o Congresso não derrube esses vetos, Minas Gerais não vai entrar no novo programa do governo federal para ajudar no pagamento das dívidas estaduais. Zema ainda falou que o exemplo de austeridade deveria vir do próprio Planalto, como uma espécie de cobrança para que o governo federal fizesse a parte dele, já que é de lá que saem as decisões mais importantes.

A reação de Lula e Haddad não demorou a vir. O ministro da Fazenda acusou Zema de ser incoerente, destacando que o governador aumentou seu próprio salário em 298% enquanto o Estado de Minas estava em regime de recuperação fiscal. Em outra frente, Lula também aproveitou para alfinetar Zema, chamando-o de “ingrato” e listando outros governadores que, na opinião dele, estavam agindo da mesma forma, ou seja, com uma postura crítica mas sem reconhecimento das ajudas federais.

O embate entre Zema e Lula não é de hoje, e já dá para ver que é uma briga que pode render por um bom tempo. O que está em jogo, por um lado, é a situação fiscal dos Estados, especialmente de Minas, que está com uma dívida astronômica. Por outro lado, é claro, temos as questões políticas de uma oposição que não se cansa de criticar as decisões de um governo petista.

O que a gente percebe, no fundo, é que os dois lados estão apostando no discurso de que o outro tem errado. Para Zema, o governo Lula e suas ações prejudicam Minas, enquanto para Lula, Zema é alguém que parece querer surfar nas críticas sem mostrar gratidão pela ajuda federal. E nesse vai e vem de acusações, quem realmente está no meio disso tudo são os cidadãos, que veem o preço de tudo subindo e se perguntam quem realmente vai conseguir resolver essa bagunça econômica que estamos vivendo.