Após prestar declarações à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) na tarde de quinta-feira (14/9), Diego Pupe, o antigo assessor de Jair Renan Bolsonaro, afirmou ter vivenciado um relacionamento que classificou como “afetivo e romântico” com o filho mais novo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Eu mantive um envolvimento com o Renan, do qual ainda não havia comentado com ninguém. Estava aguardando toda essa atenção da polícia, mas em breve irei me pronunciar sobre o assunto, está bem? Tínhamos uma ligação íntima, era um relacionamento romântico”, declarou Pupe ao Metrópoles, imediatamente após prestar depoimento no contexto da Operação Nexum.
No final do mês passado, Jair Renan foi alvo de uma ação de busca e apreensão realizada pela Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária (Dot/Decor), uma unidade da PCDF. A Operação Nexum executou mais quatro mandados de busca e apreensão, juntamente com dois de prisão preventiva, referentes a crimes contra a fé pública e associação criminosa, além de ocasionar prejuízos ao erário do Distrito Federal.
Escute o áudio CLICANDO AQUI!
Conforme reportado na coluna de Guilherme Amado, Pupe afirmou aos agentes da Polícia Civil ter recebido de Maciel Carvalho, empresário de Jair Renan, a instrução para transferir a empresa RB Eventos para outra pessoa. Naquele período, o filho do então presidente estava sendo investigado pela Polícia Federal por supostos envolvimentos em crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro relacionados à mencionada empresa. Antes da mudança de titularidade, a RB Eventos operava no mesmo endereço da 357 Cursos, uma empresa de aulas de tiro que, segundo o depoimento, era administrada por Maciel.

Neste ano, Jair Renan realizou a transferência da RB Eventos para Marcos Aurélio Rodrigues, que é parceiro comercial de Maciel e também o proprietário da empresa 357. A Polícia Civil está investigando suspeitas de que Rodrigues possa ser um intermediário em um esquema ilegal. Essa transação chamou a atenção dos investigadores, pois não houve registro de qualquer pagamento envolvido na operação, além do fato de a empresa ter obtido um faturamento de R$ 4 milhões em apenas um ano.
Ao Metrópoles, o ex-assessor alega que Renan estava ciente do que ocorria dentro da empresa e das atividades conduzidas por Maciel. Prosseguindo no mesmo tema, Pupe acrescenta: “Eles tinham uma relação bem próxima, não é? Na mídia, inclusive, eles, enfim, trocaram algumas alfinetadas comigo; dá para perceber o quanto eram próximos. Portanto, o Renan, de fato, tinha conhecimento das atividades de Maciel”.
Fraudes e “laranjas”
A investigação identificou a presença de uma associação criminosa que emprega a estratégia de adquirir vantagens econômicas ilícitas através da introdução de um terceiro, conhecido como “testa de ferro” ou “laranja”, com o intuito de ocultar o verdadeiro dono das empresas de fachada ou empresas “fantasmas” utilizadas pelo principal alvo e seus cúmplices.
Conforme os elementos de prova, o principal investigado e um de seus cúmplices criaram a fictícia figura de Antônio Amâncio Alves Mandarrari, cuja identidade foi utilizada para abrir uma conta bancária e para representar como o proprietário de pessoas jurídicas, atuando na condição de “laranja”.
Os agentes da Polícia Civil também descobriram que os investigados falsificavam registros de faturamento e outros documentos das empresas sob investigação, utilizando informações de contadores sem o devido consentimento destes. Eles inseriam declarações falsas com o objetivo de distorcer a verdade sobre eventos legalmente significativos. Além disso, mantinham transações financeiras suspeitas entre si, incluindo a possibilidade de enviar valores para o exterior.
