O guitarrista Tony Bellotto, de 64 anos, revelou que foi diagnosticado com um tumor no pâncreas e que em breve passará por uma cirurgia para tratar a doença. O músico descobriu o problema durante um exame de rotina e, apesar da pausa temporária nos palcos, garantiu que está confiante e tranquilo para enfrentar o tratamento.
“Assim que me recuperar, volto aos shows e às minhas atividades normalmente. Desde já, agradeço as mensagens de apoio e carinho. Não quero ninguém sofrendo por mim, sem drama. Estou encarando tudo com coragem e dignidade”, declarou o artista.
A notícia pegou muitos fãs de surpresa, já que Tony não demonstrava sinais de problemas de saúde recentemente. O diagnóstico precoce é um fator positivo, já que o câncer de pâncreas costuma ser silencioso e só apresenta sintomas mais evidentes em estágios avançados da doença.
Câncer de pâncreas: uma doença silenciosa e agressiva
Segundo a oncologista Camila Giro, do IBCC Oncologia, os sintomas desse tipo de câncer podem passar despercebidos por muito tempo. “Os sinais de alerta incluem dor abdominal, perda repentina de peso, icterícia (pele e olhos amarelados) e diminuição do apetite”, explica a especialista.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que, anualmente, cerca de 10 mil novos casos da doença surgem no Brasil. O pâncreas, órgão essencial tanto para a digestão quanto para a regulação do metabolismo, fica localizado atrás do estômago e próximo ao duodeno. Ele produz enzimas digestivas e hormônios como a insulina, fundamental para o controle do açúcar no sangue.
O médico Felipe Coimbra, do A.C. Camargo Cancer Center, explica que alguns sintomas podem até ser notados pelo paciente, mas muitas vezes não são investigados com seriedade. “Indigestão, perda de peso sem explicação, dor abdominal persistente, piora ou surgimento repentino de diabetes e fezes gordurosas são sinais de alerta. Quando o tumor bloqueia o ducto pancreático, a liberação de enzimas digestivas fica comprometida, o que pode causar icterícia e dores na lombar devido à compressão de nervos ao redor do pâncreas”, detalha.
Outro ponto importante, segundo Coimbra, é a relação entre câncer de pâncreas e diabetes. “Ambas as condições compartilham fatores de risco como obesidade, tabagismo, sedentarismo e envelhecimento. No caso do câncer pancreático, a produção de insulina pode ser afetada, levando alguns pacientes a desenvolverem diabetes antes mesmo de saberem que têm um tumor”, afirma o médico.
Outros sintomas que podem surgir:
• Urina escura;
• Fezes de cor mais clara;
• Náuseas e vômitos;
• Diarreia;
• Fadiga e sensação constante de fraqueza;
• Aparecimento repentino de diabetes.
Tratamento e avanços médicos
Após a confirmação do diagnóstico, o tratamento do câncer de pâncreas depende do estágio da doença. O oncologista João Paulo Fogacci de Farias, da Oncoclínicas, explica que tanto a cirurgia quanto a quimioterapia são fundamentais para aumentar as chances de sucesso.
“Nos últimos anos, houve avanços significativos na cirurgia oncológica, com técnicas minimamente invasivas que proporcionam uma recuperação mais rápida ao paciente. A cirurgia robótica é uma alternativa promissora, mas ainda precisa de mais estudos para confirmar sua eficácia no tratamento do câncer pancreático”, esclarece o especialista.
Uma tendência nos casos de tumores localizados (quando a doença ainda não se espalhou para outros órgãos) é iniciar o tratamento com quimioterapia antes da cirurgia. Estudos mostram que até 50% dos pacientes não conseguem se recuperar a tempo para iniciar a quimioterapia após a cirurgia. “Inverter a ordem pode facilitar a remoção do tumor e melhorar os resultados do tratamento”, explica Fogacci.
No entanto, a realidade ainda é preocupante: entre 70% e 80% dos casos são diagnosticados em estágios avançados, quando a cirurgia já não é mais uma opção. Nesses casos, o tratamento se concentra no controle da doença e no alívio dos sintomas, com o objetivo de oferecer mais qualidade de vida ao paciente.
Como prevenir o câncer de pâncreas?
Embora não seja possível evitar completamente o câncer pancreático, algumas medidas podem reduzir os riscos:
• Manter uma alimentação saudável, rica em frutas, vegetais e grãos integrais;
• Praticar atividades físicas regularmente;
• Evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas;
• Não fumar, pois o tabagismo está diretamente ligado ao desenvolvimento da doença;
• Controlar o peso e evitar a obesidade;
• Fazer exames regulares, especialmente se houver histórico familiar de câncer pancreático.
Para Tony Bellotto, o apoio dos fãs e da família será essencial nesse momento. Enquanto ele se prepara para a cirurgia, admiradores e amigos seguem torcendo por sua recuperação, na esperança de vê-lo de volta aos palcos em breve.