O caso de Danilo Cavalcante, um brasileiro condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos por matar a ex-namorada na frente de seus filhos e que recentemente escapou de uma prisão no condado de Chester, levanta questões sobre sua possível deportação. Embora tenha sido condenado a uma pena tão grave, Danilo Cavalcante não foi deportado, o que gera curiosidade e debate sobre as políticas de imigração dos Estados Unidos.
Cavalcante, que também é suspeito de um assassinato em 2017 no Tocantins, estava vivendo nos Estados Unidos de forma ilegal antes de sua prisão pelo assassinato de sua ex-namorada. A surpreendente fuga da prisão, na qual ele escalou as paredes, chamou a atenção das autoridades e do público em geral. Considerando a gravidade de seus crimes e sua situação de imigrante ilegal, muitos se perguntam por que ele não foi deportado imediatamente após sua captura.
Sob a administração de Joe Biden, as diretrizes para as deportações foram focadas em imigrantes que representam riscos à segurança nacional ou pública, bem como naqueles que cruzaram a fronteira recentemente de forma ilegal. Isso levanta a questão de por que Danilo Cavalcante, que cometeu um crime violento nos Estados Unidos, não foi priorizado para deportação.
Uma possível explicação reside nas diretrizes estabelecidas pelo secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, que instruiu os agentes de imigração a considerar critérios como o tempo de residência nos Estados Unidos, idade avançada e a presença de filhos nascidos no país ao decidir sobre a deportação. No entanto, esses critérios parecem não se aplicar a Danilo Cavalcante.
Geralmente, quando um imigrante é preso por autoridades estaduais ou locais, o ICE (Serviço de Migração) é notificado para iniciar o processo de deportação antes que a pessoa seja libertada. Nesse caso, o ICE foi informado sobre a prisão de Cavalcante assim que ele foi detido. No entanto, ele ainda não foi deportado.
As leis de imigração dos Estados Unidos são rigorosas e muitos crimes, até mesmo infrações menores, podem resultar em deportação para imigrantes sem documentos. Isso inclui crimes como dirigir com uma lanterna traseira quebrada. Até mesmo portadores de green card, que têm visto permanente de imigração nos Estados Unidos, podem ser deportados por crimes graves, como dirigir sob efeito de álcool ou tráfico de drogas.
De acordo com dados do ICE, em 2022, mais de 28.000 pessoas foram deportadas para seus países de origem, principalmente devido a crimes relacionados à imigração e ao uso de substâncias proibidas. No entanto, o caso de Danilo Cavalcante é único, uma vez que envolve um crime violento cometido nos Estados Unidos, o que pode explicar por que ele ainda não foi deportado.
Aaron Reichlin-Melnick, diretor de políticas do Conselho Americano de Imigração em Washington, argumenta que a deportação imediata após a condenação pode ser vista como um “cartão de liberdade” para os presos, o que não faz sentido para o sistema judiciário dos Estados Unidos. Isso sugere que Danilo Cavalcante deve cumprir sua sentença nos Estados Unidos antes de qualquer possível deportação.
Além disso, a situação da irmã de Danilo, Eleni Cavalcante, também é relevante. Ela está ilegalmente nos Estados Unidos e enfrenta um processo de deportação em andamento devido ao vencimento de seu visto. No entanto, sua situação é diferente da de Danilo, uma vez que não está envolvida em crimes violentos.
O caso de Danilo Cavalcante levanta questões complexas sobre as políticas de imigração dos Estados Unidos e como elas são aplicadas em situações envolvendo crimes graves. Embora a deportação seja uma possibilidade, ele provavelmente cumprirá sua pena nos Estados Unidos antes que qualquer decisão final seja tomada sobre seu status de imigração.