O sono é um momento crucial para o descanso do corpo e da mente. Mas, para garantir uma noite realmente reparadora, a posição em que dormimos pode fazer toda a diferença. Embora não exista uma única postura ideal para todos, é importante seguir orientações que previnam dores e problemas como apneia e ronco.
Segundo o médico otorrinolaringologista Danilo Sguillar, a posição ideal varia de pessoa para pessoa. “O mais importante é escolher uma posição confortável e que não sobrecarregue a coluna ou o pescoço”, afirma. Abaixo, detalhamos os prós e contras de cada posição para ajudar você a decidir qual se adapta melhor ao seu corpo.
Dormir de bruços
Essa é a posição menos recomendada por especialistas. De acordo com o ortopedista Juliano Fratezi, dormir de bruços força a curvatura da coluna, conhecida como lordose lombar, o que pode causar dores nas costas. “A coluna não fica devidamente apoiada, e isso pode sobrecarregar as juntas”, explica.
Outro problema é que, ao dormir de bruços, a caixa torácica fica pressionada contra o colchão, dificultando a respiração. Além disso, virar o rosto para o lado pode gerar desconforto no pescoço. Para quem não consegue evitar essa posição, uma dica é colocar um travesseiro sob a barriga para aliviar a pressão.
Dormir de costas
Deitar de costas é uma posição popular, mas pode agravar dores na lombar, especialmente se a curvatura natural da coluna não estiver bem apoiada. Fratezi recomenda o uso de um travesseiro baixo para evitar que o pescoço fique inclinado, além de um pequeno rolo sob os joelhos para melhorar o alinhamento dos quadris.
Por outro lado, essa posição pode intensificar problemas respiratórios, como roncos e apneia. “Quando estamos de costas, estruturas como a base da língua e as amígdalas podem obstruir parcialmente a faringe, dificultando a passagem do ar”, ressalta Sguillar.
Dormir de lado
Esta é, geralmente, a posição mais recomendada por especialistas. Ela proporciona maior descanso para a coluna, já que evita sobrecarga nos discos e articulações. Contudo, o uso de um travesseiro adequado é essencial. “O ideal é que ele preencha o espaço entre o ombro e a cabeça, mantendo a cervical alinhada”, orienta Fratezi.
Há evidências de que dormir de lado também favorece o sistema glinfático, responsável por “limpar” toxinas do cérebro durante o sono, o que pode ajudar na prevenção de doenças como Alzheimer e Parkinson.
Quando o assunto é escolher o lado, algumas diferenças surgem. Dormir virado para o lado esquerdo ajuda na digestão e na circulação, especialmente em gestantes, pois evita a compressão da veia cava. Já o lado direito, combinado com um travesseiro entre as pernas, alivia a pressão na coluna.
Posição fetal
A posição encolhida, popularmente conhecida como fetal, é confortável para muitas pessoas, mas pode trazer alguns problemas. “Se feita de forma exagerada, com a coluna muito curvada, pode gerar dores e dificultar a respiração”, alerta o reumatologista Leandro Parmigiani. Uma leve flexão das pernas é suficiente para manter o conforto sem prejudicar o corpo.
Dormir de conchinha
Dormir abraçado com o parceiro, além de ser reconfortante, pode aumentar a produção de oxitocina, o chamado “hormônio do amor”. Esse efeito contribui para o relaxamento e melhora a qualidade do sono. No entanto, é preciso atenção para evitar que o braço que fica por baixo sofra pressão excessiva, o que pode causar formigamento.
Dicas para quem tem problemas ao dormir
Se você costuma se mexer muito à noite ou não consegue encontrar uma posição confortável, pode haver um distúrbio do sono. Fratezi alerta que, nesses casos, é comum acordar com a sensação de cansaço ou “como se tivesse lutado a noite toda”.
Mudar a posição de dormir é possível, mas exige adaptação. Para problemas como apneia posicional, a alteração pode ser recomendada por especialistas. “O sono é um hábito, e, como qualquer hábito, pode ser ajustado”, explica Sguillar.
Se os problemas persistirem, procure um médico para avaliar sua rotina de sono e diagnosticar possíveis causas de desconforto. Afinal, uma boa noite de descanso é essencial para a saúde e o bem-estar.