Janja não perdoa e manda indireta para Michelle Bolsonaro: ‘O marido…’

Na última quarta-feira, 20 de agosto, a primeira-dama Rosângela da Silva, mais conhecida como Janja, resolveu soltar uma daquelas frases que chamam atenção em qualquer roda de conversa. Foi durante um evento da COP-30 em Manaus, realizado na Universidade Federal do Amazonas (UFAM). O clima era de discurso sério sobre meio ambiente, sustentabilidade, futuro do planeta, mas bastou uma indireta bem colocada para que o burburinho político ganhasse mais espaço que a própria pauta oficial.

O alvo da fala de Janja não foi mencionado diretamente, mas ninguém teve dificuldade em sacar a quem se referia. O recado atravessou o auditório e, simbolicamente, chegou até Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama e hoje uma das vozes mais ativas no campo bolsonarista. A fala surgiu no meio de uma intervenção do deputado Airton Faleiro (PT-PA), que destacava a forma “respeitosa e amorosa” como, segundo ele, o governo Lula vem conduzindo suas ações. Foi aí que Janja disparou, com ironia calculada: “Eu não xingo o marido de ninguém”.

A frase, aparentemente simples, trouxe consigo uma carga política forte. No Brasil, onde a política se mistura com fofoca de novela e redes sociais transformam qualquer gesto em trending topic, não demorou muito para a fala ser interpretada como uma resposta direta às provocações recentes de Michelle Bolsonaro.

E que provocações. Dias antes, Michelle havia usado um tom duro contra Lula, acusando-o de ser o responsável pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A ex-primeira-dama não economizou adjetivos: chamou o atual presidente de “mentiroso, cachaceiro, pinguço, irresponsável” e disse ainda que ele “se autointitula pai da pobreza, mas está levando o povo à miséria”. Palavras que, obviamente, repercutiram na mídia e nas redes, inflamando os apoiadores de ambos os lados.

Janja, que tem assumido uma postura cada vez mais ativa e menos discreta na política, não deixou passar. Sua frase, curta e certeira, parece ter sido escolhida a dedo para marcar território. Afinal, se Michelle usa ataques pessoais para atingir Lula, Janja prefere o caminho da ironia — que, convenhamos, às vezes machuca mais que o ataque frontal.

Esse episódio também mostra como as primeiras-damas no Brasil deixaram de ser apenas figuras discretas ao lado de seus maridos. Michelle, durante o governo Bolsonaro, se projetou como liderança junto ao público evangélico, fazendo discursos e mobilizando apoiadores. Já Janja, no governo atual, se apresenta como parceira política de Lula, participando de eventos e defendendo pautas sociais e ambientais. As duas, cada uma ao seu jeito, ajudam a reforçar o clima de polarização que segue firme no país.

Vale lembrar que o evento da COP-30 em Manaus tinha como objetivo discutir os preparativos para a grande conferência do clima que será realizada no Pará em 2025. Só que, como acontece frequentemente no Brasil, as questões ambientais acabaram dividindo espaço com as farpas políticas. Enquanto especialistas falavam sobre desmatamento, mudanças climáticas e sustentabilidade na Amazônia, a frase de Janja foi parar nos principais portais de notícia.

Se isso foi calculado ou não, só ela sabe. Mas é inegável que a fala caiu como combustível num cenário já inflamado. De um lado, apoiadores do governo comemoraram a “resposta elegante” de Janja. Do outro, bolsonaristas viram na frase mais uma provocação desnecessária.

No fim das contas, o episódio mostra como o ambiente político brasileiro continua quente, mesmo em eventos que deveriam tratar de temas universais, como o futuro do planeta. Entre a floresta amazônica e as disputas de Brasília, a frase de Janja vai ficar registrada como mais um capítulo dessa novela política sem fim. E, pelo visto, até a COP-30 chegar de fato, ainda teremos muitas cenas parecidas para comentar.