O caso que vem chocando Ribeirão Preto ganhou mais um capítulo estarrecedor. O médico Luiz Garnica, atualmente preso, afirmou em depoimento à polícia que sua própria mãe, Elizabete Arrabaça, de 67 anos, foi a responsável pelas mortes de sua irmã, Nathalia Garnica, e da esposa dele, Larissa Rodrigues. Segundo ele, as duas teriam sido envenenadas com chumbinho — aquele veneno forte e proibido, comumente usado ilegalmente pra matar ratos.
A história é tão absurda que parece roteiro de filme policial. Só que, infelizmente, é a vida real. Os crimes aconteceram no começo deste ano, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Nathalia morreu primeiro, em fevereiro. Na época, foi tratado como infarto. Um mês depois, em março, Larissa foi encontrada morta no apartamento onde vivia com Luiz. Aí começaram a surgir as pontas soltas.
A perícia descobriu traços de chumbinho no corpo de Larissa. Desconfiando da coincidência, a polícia exumou o corpo de Nathalia e confirmou: ela também tinha sinais do mesmo veneno. Foi aí que o quebra-cabeça começou a fazer sentido.
Luiz, que também está detido por ser o principal suspeito da morte da esposa, fez acusações sérias contra a própria mãe. Disse que Elizabete teria matado Nathalia pra botar a mão numa herança, já que a idosa teria uma dívida de R$ 320 mil. Segundo ele, ela seria capaz de tudo por dinheiro — até mesmo matar os próprios filhos.
— Eu acredito que eu seria o próximo. Se ela teve coragem de matar a filha, que morou com ela a vida toda, o que a impediria de me matar também? — declarou o médico à polícia, bastante abalado.
Apesar da acusação direta, ele não soube explicar exatamente por que a mãe teria matado também Larissa, sua esposa. A polícia, por sua vez, trabalha com a hipótese de que Luiz teria matado Larissa após ela pedir o divórcio, ao descobrir uma suposta traição. Mas há um detalhe que chama atenção: a sogra foi a última pessoa a estar no apartamento antes da morte de Larissa.
Versão da mãe
Elizabete nega tudo. Disse em depoimento que estava na casa da filha, Nathalia, em fevereiro porque ela estaria com dengue. Relatou que ouviu a filha se engasgar e, ao verificar, a encontrou dizendo que havia engasgado tomando água. Mais tarde, a encontrou desacordada.
Sobre a morte de Larissa, a idosa se enrolou um pouco. Primeiro sugeriu que talvez a própria Nathalia tivesse mexido nos remédios que Larissa tomou. Depois voltou atrás, dizendo que isso não fazia sentido, já que Nathalia tinha tremores nas mãos e mal conseguia segurar um copo.
— Na cadeia, tive dengue e fiquei pensando: “Será que tinha alguma coisa naquele remédio da Nathalia?”. Mas depois pensei melhor: “Não, não tem cabimento, ela nem teria condição de pôr veneno” — afirmou Elizabete, numa tentativa de desconversar.
Mesmo com várias semelhanças entre as duas mortes, a polícia decidiu tratar os casos separadamente. Segundo o delegado Fernando Bravo, as investigações estão em curso e não se descarta o envolvimento de outras pessoas.
— Com o laudo ficou claro que houve um crime macabro. A suspeita principal é a mãe, mas estamos investigando a fundo — declarou o delegado em entrevista à imprensa nesta semana.
O caso segue cercado de dúvidas, contradições e tensão. Enquanto isso, duas famílias seguem destruídas por tragédias que, ao que tudo indica, partiram de dentro do próprio lar.