Mulher que pichou estátua do STF escreveu carta para Moraes; leia

Débora Rodrigues dos Santos, envolvida na pichação da estátua A Justiça, que fica em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), resolveu escrever uma carta para o ministro Alexandre de Moraes pedindo desculpas pelo que fez. O documento foi redigido em outubro do ano passado, e nela Débora não economizou nas palavras de arrependimento, classificando sua atitude como “desprezível” e afirmando que lamenta profundamente o ocorrido.

O que Débora escreveu na estátua foi uma frase que se tornou famosa nos últimos anos: “Perdeu, mané”. A expressão foi dita pelo ministro Luís Roberto Barroso a um manifestante bolsonarista em Nova York, lá em 2022, e desde então virou quase um símbolo das tensões políticas no país. Durante os atos de 8 de janeiro, essa mesma frase apareceu em outros pontos do STF, deixando claro que não foi um caso isolado.

Na mensagem enviada a Moraes, Débora contou que viajou até Brasília acreditando que ia participar de uma manifestação pacífica. No entanto, segundo ela, a situação “foi se tornando mais intensa”, e tudo saiu do controle. Seu objetivo inicial, de acordo com o que escreveu, era simplesmente buscar respostas sobre as eleições de 2022. Mas, no calor do momento, acabou pegando o spray e cometendo o ato que hoje tanto lamenta.

“Foi um erro. No calor da situação, cometi esse ato lamentável”, afirmou na carta.

O julgamento do caso começou na semana passada no STF. Como relator do processo, Moraes votou pela condenação de Débora a 14 anos de prisão, e o ministro Flávio Dino concordou com essa decisão. Porém, quando parecia que o desfecho estava próximo, o ministro Luiz Fux pediu mais tempo para analisar os detalhes do processo, o que suspendeu temporariamente o julgamento. Na quarta-feira, Fux já deu a entender que pretende propor uma pena mais branda do que os 14 anos sugeridos inicialmente.

Débora também prestou depoimento ao longo do processo e apresentou uma versão dos acontecimentos que chamou atenção. Segundo ela, não foi a primeira a pichar a estátua. Um homem desconhecido teria começado a escrever, mas como sua caligrafia era difícil de entender, pediu que ela continuasse. “Me arrependo profundamente, pois isso afetou minha relação com minha família”, declarou.

Além disso, Débora afirmou que não fazia ideia da importância da estátua, tanto no sentido simbólico quanto no financeiro. Para ela, era só uma escultura no meio da Praça dos Três Poderes. Só depois foi informada de que a obra estava avaliada em cerca de R$ 2 milhões.

No tribunal, ao ser questionada, manteve a mesma versão e reforçou seu arrependimento. Na carta enviada ao ministro Moraes, chegou a dizer que não entende muito de política e pediu que suas palavras fossem levadas em consideração.

Agora, a expectativa é pelo desfecho do julgamento. O caso de Débora se tornou um símbolo do que aconteceu no fatídico 8 de janeiro, dia em que a sede dos Três Poderes foi invadida e depredada. Sua punição servirá de termômetro para outras condenações que ainda estão por vir. Resta saber se a Justiça será implacável ou se haverá espaço para alguma flexibilização.