“Não sou um monstro”, afirma homem que confessou ter mutilado patas de cavalo em São Paulo

O caso que movimentou a pequena cidade de Bananal, no interior de São Paulo, ainda tá dando o que falar. No último sábado (16), durante uma cavalgada de mais ou menos 14 quilômetros pela zona rural, um episódio revoltante acabou parando nas redes sociais e deixando muita gente indignada. O jovem Andrey Guilherme Nogueira de Queiroz, de apenas 21 anos, admitiu ter cortado as patas de um cavalo, mas fez questão de ressaltar que o animal já estaria morto no momento em que ele desferiu os golpes com um facão.

As imagens se espalharam rapidamente pelo WhatsApp e também pelo Instagram, levantando uma onda de críticas. A situação virou até pauta em rodas de conversa de bar, nas feiras da região e, claro, chegou aos noticiários de TV. Em entrevista à Rede Vanguarda, afiliada da Globo, Andrey explicou que estava bêbado na hora da ação e que reconhece a crueldade do ato.

Não foi uma decisão pensada. Foi um momento de transtorno. Eu tava embriagado, transtornado, peguei o facão e cortei, por cortar. Foi um ato cruel. Eu reconheço os erros, a culpa é minha. Não é da bebida — disse ele, tentando se justificar.

Apesar disso, nas redes sociais, muita gente não comprou a versão do rapaz. Diversos comentários acusam Andrey de ter golpeado o cavalo ainda com vida. Essa dúvida, aliás, é um dos pontos centrais da investigação.

O próprio investigado rebateu essa acusação:
Estão falando que eu cortei as quatro patas com o cavalo ainda andando. Isso não é verdade. Eu tô sendo chamado de monstro, mas não sou. Eu cresci nesse meio, mexo com boi, com cavalo, tenho até apelido de “boiadeiro”.

A discussão sobre maus-tratos a animais ganhou ainda mais força porque, dias atrás, outro caso parecido aconteceu em Minas Gerais, onde um cachorro foi brutalmente agredido e também virou assunto nacional. Esse tipo de violência tem levantado debates sobre o endurecimento das penas, já que a lei de crimes ambientais, mesmo com alterações recentes, ainda é considerada branda por muitos especialistas.

Voltando ao caso de Bananal: nesta quarta-feira (20), a Polícia Civil, junto com veterinários, deve realizar uma nova perícia para tentar esclarecer se o cavalo já estava morto quando teve as patas cortadas ou se faleceu em consequência direta do ato. A perícia é fundamental porque pode mudar completamente o rumo do processo.

Uma testemunha ouvida pela polícia contou uma versão diferente da de Andrey. Segundo o relato, o cavalo branco parou durante a cavalgada, deitou no chão e parecia respirar com dificuldade antes de morrer. Nesse instante, o jovem teria puxado um facão da cintura e cortado uma das patas do animal. O boletim de ocorrência ainda descreve que o cavalo foi arrastado para outro ponto, o que dificultou a análise da cena e pode ter apagado pistas importantes.

Por enquanto, o caso foi registrado como maus-tratos com agravante pela morte do animal, e segue em investigação. Ninguém foi preso até o momento, mas a pressão popular é grande. Nos grupos de Facebook da região, por exemplo, moradores pedem punição exemplar, enquanto outros saem em defesa de Andrey, lembrando que ele é conhecido na cidade e sempre teve ligação com o mundo do campo.

No fim das contas, o episódio expõe um problema mais amplo: como lidar com situações de violência contra animais em locais onde a cultura rural ainda normaliza certas práticas? Essa reflexão vem num momento em que o Brasil inteiro acompanha debates sobre proteção animal, desde a proibição de rinhas até a polêmica recente sobre rodeios e vaquejadas.

Em Bananal, a expectativa é que o laudo da perícia traga respostas concretas. Até lá, o clima segue dividido: de um lado, a indignação com a brutalidade das imagens; do outro, quem acredita que o rapaz apenas cometeu um erro grave em meio à bebedeira, mas não merece ser tratado como “monstro”. Seja como for, o caso já deixou marcas profundas e dificilmente será esquecido tão cedo.