A narcolepsia é uma síndrome rara que provoca sono involuntário durante o trabalho e outras situações potencialmente perigosas, como dirigir. Esse distúrbio neurológico pode impactar significativamente as atividades diárias devido à necessidade excessiva de dormir a qualquer momento ou lugar.
Além de causar episódios de sono durante o dia, a narcolepsia pode também resultar em paralisia temporária durante o sono e alucinações, onde a pessoa pode sentir que está sonhando enquanto acordada. A cataplexia, uma forma de fraqueza muscular temporária, também pode ocorrer como parte da condição.
Os ataques de sono podem acontecer repetidamente ao longo do dia, sem controle consciente do indivíduo afetado. Mesmo durante atividades como conversar, dançar, comer ou dirigir, a pessoa com narcolepsia pode adormecer involuntariamente. Após esses cochilos, que podem durar de alguns minutos a mais de uma hora, os pacientes frequentemente relatam sentir-se mais descansados.
O que causa a narcolepsia?
A ciência ainda não compreende completamente o mecanismo que desencadeia todos os casos de narcolepsia. No entanto, evidências consistentes indicam que pessoas com predisposição genética podem desenvolver a condição quando expostas a gatilhos ambientais específicos, como infecções ou vacinações. Estes eventos podem desencadear uma resposta do sistema imunológico que resulta na destruição de neurônios produtores de hipocretina no hipotálamo lateral do cérebro.
Os neurônios que produzem hipocretina desempenham um papel crucial na promoção do despertar e na regulação das fases do sono, especialmente no sono REM (Movimento Rápido dos Olhos), que é fundamental para o descanso adequado. Com a diminuição da hipocretina, os indivíduos afetados pela narcolepsia podem experimentar sonolência excessiva durante o dia e uma instabilidade aumentada ao longo do ciclo do sono, especialmente na fase REM.
Além dos fatores genéticos e imunológicos, certas condições cerebrais, como encefalites ou esclerose múltipla, também podem contribuir para o desenvolvimento da narcolepsia em alguns casos.
Mais comum entre os jovens
O surgimento dos primeiros sintomas da narcolepsia, como sonolência excessiva, alucinações ao adormecer ou acordar, e paralisia do sono, é mais comum entre os jovens, com dois picos de incidência observados por volta dos 15 anos e posteriormente aos 35 anos de idade.
Globalmente, as estimativas de prevalência da narcolepsia variam amplamente, situando-se entre 0,1 a 17 pessoas por cada 100 mil habitantes. No Brasil, ainda não há dados concretos disponíveis, mas a prevalência geralmente é considerada intermediária em relação a outros países.
Há uma leve tendência de que a narcolepsia afete mais homens do que mulheres, embora os estudos ainda estejam em andamento para entender melhor as nuances dessa condição em diferentes populações.
Como é o tratamento?
A narcolepsia não tem cura atualmente. O tratamento foca principalmente na gestão dos sintomas, especialmente a sonolência excessiva diurna. Para isso, são utilizados medicamentos estimulantes controlados que ajudam a manter um estado de alerta maior durante o dia.
Além dos estimulantes, o tratamento pode incluir o uso de antidepressivos, não pelo efeito sobre o humor, mas por sua capacidade de regular o sono e minimizar sintomas como a cataplexia.
No Brasil, o tratamento completo para narcolepsia não é amplamente coberto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nem por muitos convênios médicos. Alguns dos medicamentos, especialmente os antidepressivos utilizados para tratar a cataplexia, podem ser disponibilizados gratuitamente, mas muitas vezes não são suficientes para um manejo adequado devido ao alto custo e à necessidade de doses específicas.